Acho Carnaval uma das coisas mais chatas de nosso país. Não só pelo ridículo que são os desfiles de escolas de samba ou pelo insuportável que são as músicas que se ouvem nesses dias, mas também pela suspensão de todas as atividades que, ao menos em tese, teriam acabado de recomeçar após longa pausa. Não que eu seja contra o feriado, mas podia ser um tanto mais adiante. Você mal pagou as contas das férias, já vem um feriado enorme que para tudo de novo. Alguém podia propor um projeto de lei que transferisse o Carnaval (ou ao menos o feriado) para agosto. Agosto é um porre, não tem feriado nenhum, 31 dias de pura labuta. Ou no início de setembro, que aí já emendava a quarta de cinzas com o 7 de setembro. Ficava inclusive mais simbólico. D. Pedro I, que era um pulha, proclamou a independência após uma aventura amorosa fora da capital, em que se fartou de comer e beber. Consta que, inclusive, na volta, ele tinha acabado de parar às margens do Ipiranga, que é um riachinho de muito prestígio e pouca água, para aliviar-se do tremendo desarranjo que o havia acometido após a farra. De lá, após gloriosa cagada, nervosinho com a notícia recém-recebida de que o chamavam de volta a Portugal, num arroubo de rara ousadia, gritou qualquer coisa que, de acordo com os registros, tomou a forma de um solene "Independência ou morte!" Acho que o 7 de setembro vir depois da quarta de cinzas ficava muito bem.
Aliás, muito se fala que o Brasil só funciona depois do Carnaval. Trata-se de uma afirmação inexata. A dúvida não é se funciona antes dele (não, não funciona), mas, sim, se passa a funcionar depois.
Bom, este blogue, pelo menos, volta a funcionar.