sexta-feira, 22 de maio de 2009

Desmemória

Ontem à noite, quase pegando no sono, lembrei-me de uma coisa que precisava resolver hoje e, alcançando rapidamente a caneta na mesa de cabeceira, escrevi no dorso da mão, para lembrar ao acordar, a letra C. E dormi tranquilo.

O maldito C está aqui na minha mão, esmaecendo já, logo mais se apagará totalmente, e eu passei o dia inteiro tentando lembrar o que significa esse raio desse C e não consigo. Foi muito pior do que simplesmente esquecer. Porque eu não vou resolver o que devia, e vou ter passado o dia inteiro angustiado porque esqueci de resolvê-lo, e nem sei o que era.

Não é a primeira vez que isso me acontece. Uma vez, por várias noites seguidas, quase pegando no sono, naquele estado confuso entre o sono e a vigília, sobressaltava-me com o mesmo pensamento, uma lembrança de algo que precisava ser feito, e no dia seguinte não me lembrava do que era. Aí levei uma caneta para o lado da cama e, ao se repetir o lampejo, escrevi na mão e dormi. A minha psicanalista ainda não conseguiu me explicar, nem eu sei o que significava, mas no dia seguinte estava escrito na minha mão: "ARANHA"!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Mau atendimento

Na loja de cama, mesa e banho.
— Esses aqui são de pena de ganso.
— Ahn.
— É mais macio que o normal.
— Ahn.
— Um é cinquenta.
— Ahn. Mas... é que eu tenho pena do ganso...
— O travesseiro também.

Quiosque, na beira da praia. O negão de costas para o balcão, partindo um coco.
— Moço, esse coco aqui tinha muito pouca água. Dei dois goles e acabou.
E o negão, sem se virar, dando com a faca no coco:
— Reclame com Deus.


No Pelourinho:
— Quanto é o acarajé, minha tia?
— É três.
— Três? Mas lá na Cidade Baixa tava dois.
E a baiana, apontando com o nariz:
— Vá lá.