terça-feira, 6 de junho de 2006

Subemprego

Hoje passei por uma rua da cidade e vi uma cena até então inusitada. Um outdoor humano. Digo, um outdoor normal, mas com um patamarzinho e, lá em cima, uma pessoa. Pior: duas! Se abraçando, fingindo namoro, falando ao celular. Propaganda de operadora de celular, preparando as enganações do dia dos namorados. Fiquei sabendo, depois, que é comum, por exemplo em São Paulo, mídia humana. Assim: o cara passa o dia lá no alto, falando no celular e fingindo namorar. Inevitavelmente, pensei: que empreguinho de merda, hein?! Depois lembrei de quando eu comecei a trabalhar, num cursinho, como monitor e auxiliar de serviços gerais, desde digitar, formatar, encher saco de professor pra entregar material, até carregar caixa e fazer cara de paisagem pros alunos durante o intervalo. Virei um monte de noite lá editando apostila e simulado que os putos dos professores entregavam atrasado. Ganhava cento e cinquenta mirréis por mês, e achava bom. Comecei de baixo. O casal do outdoor começou de um patamar mais alto, se me desculpam o trocadilho infame, mas continuo perplexo: como alguém pode se conformar com um trabalhinho desses?
Depois pensei: hoje sou professor e revisor de texto. Trabalho de 7 da matina às 7 da noite, sem horário de almoço. Devia estar rico. Mas este mês, pela terceira vez consecutiva, as contas da casa vão para o sorteio: vamos ver se desta vez a dona do meu apê dá sorte e eu pago o aluguel.

Está tudo errado neste mundo.

Bom, uma dose de bom humor: coincidentemente, achei hoje um blogue ótimo, uma pena que encerrado: chama-se "73 subempregos". Já ri até doer o queixo. Leia desde o começo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também vi isso!!
pior,tava passando de busão(sim,começar d baixo,humildade,blablabla)e não entendi logo de cara,meud deus,quem vai se prestar a tal coisa?!?!
mas enfim.pelo menos eles tavam vendo tudo "de cima".hohoho